O primeiro turno das eleições municipais de 2024 revelaram uma verdadeira farra em todo o país com os recursos do Fundo Especial de Financiamento de Campanhas (FEFC), o Fundão Eleitoral.
Cerca de 2.800 candidatos receberam mais de R$ 1 mil do Fundão Eleitoral e do Fundo Partidário para cada um de seus votos. Em conjunto, esses candidatos receberam R$ 54,7 milhões em verba pública, mas tiveram só 30.886 votos. É como se cada um desses votos custasse ao pagador de impostos R$ 1.771,83. Das 2.771 candidaturas, todas foram para vereador e a maioria (2.087) foi de mulheres. Ninguém se elegeu.
Em Santana, por exemplo, a candidata a câmara de vereadores, Kelly Gurjão (PL) recebeu R$ 85 mil e registrou até agora gastos de R$ 49,2 mil em sua campanha, mas teve apenas 1 voto. Do outro lado do País, em São João do Meriti (RJ), Cláudia Bengaly (PP) recebeu R$ 100 mil do Fundão para disputar uma vaga de vereadora pelo PP. Até agora, ela declarou ter gasto R$ 62,2 mil desse dinheiro – o prazo final para informar os gastos de campanha termina 30 dias após a data da eleição, no começo de novembro.
Os partidos com mais casos são o PL (361), o PSD (321) e o PP (316).
O voto mais caro do país, em termos de recursos recebidos do “Fundão”, é o do candidato a vereador pelo PSD em Manaus Flávio Tadeu Tomas de Araújo, o Flavinho Araújo. Ele recebeu R$ 150 mil em verba pública do PSD local, mas teve apenas 2 votos. Até o momento, o candidato informou ter gasto R$ 10 mil dessa verba: foram R$ 6 mil para “assessoria e consultoria jurídica” e mais R$ 4 mil para “assessoria e consultoria contábil”.
Se ficar comprovado que um candidato usou notas fiscais frias para ficar com o dinheiro do Fundo, há o crime de apropriação indébita eleitoral.