Segundo informações do estudo “Crise climática e desastres socioambientais”, realizado pelo IJSN (Instituto Jones dos Santos Neves), Macapá não tem plano municipal de mudanças climáticas.

A capital do estado, onde reside mais de 50% da população amapaense, está entre as cidades que não estão preparadas para enfrentar desastres naturais, aponta o estudo.
“As capitais são municípios que deveriam dar exemplos a outros municípios”, afirma Pablo Lira, diretor-geral do IJSN e coordenador do Núcleo Vitória, do Observatório das Metrópoles. Para Lira é “É um cenário preocupante que demonstra negligência com as causas climáticas. Capitais são cidades com maior receita, por isso deveriam estar mais bem preparadas”.
Na Região Norte, diversas cidades enfrentam riscos de desastres naturais, com destaque para as áreas metropolitanas de Manaus, Macapá e Belém, que podem sofrer inundações, enxurradas e alagamentos. Além disso, a região tem enfrentado problemas de seca em vários estados, como Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins.

Não se está pensando na mitigação de impactos regionais, avalia o diretor do instituto. Os planos municipais devem levar em consideração as especificidades climáticas de cada região. “No Norte, existem riscos causados pelos efeitos das queimadas e dos processos de expansão em áreas urbanas.
A cidade que apresentou mais recentemente um planejamento para enfrentar situações de catástrofes ambientais foi Porto Alegre. O plano foi feito após o município amargar uma cheia histórica em maio de 2024 —quando o nível do rio Guaíba atingiu 4,96 metros de altura e ultrapassou o recorde da maior cheia registrada até então, em 1941.
Belém (PA), Campo Grande (MS), Manaus (AM) e Vitória (ES) têm planos municipais de mudanças climáticas em fase de elaboração. Segundo Lira, a capital paraense é um caso emblemático, já que é a cidade onde será realizada a COP30 em novembro —conferência internacional sobre mudanças climáticas.
Capitais como São Paulo, Curitiba e Recife se destacam com políticas mais consolidadas, diz o estudo. Essas cidades possuem em seus planos diagnósticos de risco, participação social e integração com os planos diretores e de mobilidade.
Questionado, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima afirmou que lançou em fevereiro o programa AdaptaCidades. Segundo a pasta, o projeto tem como objetivo apoiar estados e municípios com recursos técnicos e financeiros para desenvolver estratégias e planos locais e regionais de adaptação do clima. Onze estados demonstraram interesse em aderir ao projeto, informou o ministério.