No ano passado, foram registradas 52 ocorrências de conflitos no campo no Amapá, sendo 1 assassinato, o do trabalhador Antônio Candeia Oliveira
Foi lançado neste sábado (24/05), em Macapá, o relatório anual “Conflitos no Campo Brasil 2024”, da Comissão Pastoral da Terra (CPT). A publicação, que há quase quatro décadas documenta as violências e resistências no campo brasileiro, expõe a grave situação de conflitos agrários, trabalhistas e ambientais em todo o país.
No lançamento em Macapá as atenções estavam voltadas para os dados do estado do Amapá. Durante o evento, lideranças sociais, agentes pastorais e representantes de movimentos do campo se reuniram para debater os desafios enfrentados por comunidades rurais, indígenas, quilombolas e ribeirinhas. A CPT regional destacou que o Amapá, embora não esteja entre os estados com maior número absoluto de conflitos, enfrenta pressões crescentes por grilagem de terras, contaminação ambiental.
Também chamado de “Caderno de Conflitos”, o documento é um registro fundamental das violações e resistências dos povos do campo, das águas e das florestas no país há quase 40 anos.
No ano passado, foram registradas 52 ocorrências de conflitos no campo no Amapá, contra 75 em 2023. Mas os conflitos agora atingem um maior número de pessoas (quase 21 mil), com destaque para os municípios de Macapá, Tartarugalzinho, Calçoene, Pracuúba e Itaubal.
Os conflitos envolvem principalmente disputas por terra (48) e água (4), afetando comunidades tradicionais como posseiros, assentados, extrativistas, ribeirinhos, quilombolas e pescadores. Por outro lado, entre os maiores causadores de conflitos, estão empresários, fazendeiros, madeireiros, grileiros.
Também foram registradas 3 ocorrências de violência contra a pessoa no contexto dos conflitos no campo, sendo 1 assassinato, o do trabalhador Antônio Candeia Oliveira, de 72 anos, em uma fazenda no município de Amapá, em meio a uma discussão por terras. Os atos violentos refletem o aumento da tensão fundiária e a fragilidade da proteção às comunidades tradicionais, diante do avanço do agronegócio, hidrelétricas e outros empreendimentos.
No Amapá, embora os números absolutos sejam menores que em outros estados amazônicos, a CPT alerta para um cenário de avanço do agronegócio e da mineração sobre áreas de comunidades tradicionais, principalmente em municípios do sul do estado.