sexta-feira, abril 11, 2025
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Irmãos que mataram deficiente visual por negar senha de Wi-Fi são condenados a mais de 17 anos de prisão

Uma senha de Wi-Fi foi o motivo que levou à morte do deficiente visual Antônio Carlos Araújo, o “Magal”, caseiro há mais de 20 anos em Vitória do Jari. Nesta quarta-feira (27), o Tribunal do Júri  condenou os irmãos Roberto Milasse e Ronei Costa da Conceição a  17 anos e 9 meses de prisão e 53 dias-multa pelo homicídio, ocorrido em 2021.

O caso foi conduzido inicialmente pelo Promotor de Justiça titular de Vitória do Jari, Saullo Patrício, responsável pela denúncia e primeira fase do processo. Em plenário, “Quanto vale uma vida humana?” – questionou o Promotor de Justiça Júlio Luiz de Medeiros Alves Lima Kuhlmann durante sua sustentação. “Para os réus, valia menos que uma senha de internet”, completou, expondo aos jurados a realidade por trás do crime que chocou a comunidade.

O caso foi em dezembro de 2021. Inconformados por não receberem a senha do Wi-Fi do sítio onde Magal trabalhava, os irmãos mataram o caseiro deficiente visual e ocultaram o corpo dele em área de difícil acesso.

Durante cinco meses, enquanto familiares e amigos viviam a angústia do desaparecimento, os assassinos tentaram escapar da justiça. Roberto foi capturado quando tentava fugir de barco, enquanto Ronei foi encontrado escondido no Pará. O corpo da vítima só foi localizado após confissão.

“A brutalidade deste crime não está apenas no ato em si, mas na absoluta futilidade de sua motivação”, destacou o Promotor Júlio Kuhlmann. “Um homem que superou sua deficiência visual através do trabalho honesto foi morto por fazer seu dever: proteger o patrimônio de quem nele confiava”, completou.

O Conselho de Sentença, convencido pelas provas apresentadas pelo Ministério Público, reconheceu que matar alguém por uma senha de Wi-Fi representa a banalização extrema da vida humana, condenando os réus por homicídio qualificado pelo motivo fútil e ocultação de cadáver.

“A condenação marca um importante precedente na luta contra a banalização da violência no Amapá. Esta decisão reafirma que em nosso Estado a vida humana tem valor supremo”, concluiu o Promotor Júlio Kuhlmann, após o veredito.

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