Núcleo de Epidemiologia atua 24h no monitoramento das síndromes respiratórias

Os dados são analisados semanalmente, gerando boletins que orientam desde a alocação de leitos até campanhas de vacinação.

Diante do aumento de síndromes respiratórias no Amapá, o Governo do Estado intensificou a vigilância no Hospital da Criança e do Adolescente (HCA), onde funciona o Núcleo de Epidemiologia. O espaço atua 24h no monitoramento, notificação e alimentação de sistemas como o de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (SIVEP-Gripe), do Ministério da Saúde. 

A equipe multiprofissional realiza busca ativa de casos e fornece dados essenciais para a tomada de decisões estratégicas em saúde pública. Desde 2023, quando o Governo do Estado estipulou que a unidade funcionasse 24 horas por dia, devido ao surto daquele ano de Síndrome Respiratórias Aguda Grave (SRAG), a estrutura foi reforçada para operar ininterruptamente, com monitoramento em tempo real de vírus como influenza, covid-19 e VSR (Vírus Sincicial Respiratório).

Governo do Amapá declara situação de emergência em saúde pública após aumento de casos de síndromes gripais

Enfermeira Ingrid Martins (centro) e parte da equipe do Núcleo de Epidemiologia do HCA
Enfermeira Ingrid Martins (centro) e parte da equipe do Núcleo de Epidemiologia do HCA

“Enquanto muitos dormem, nossa vigilância não para. Cada caso notificado permite o monitoramento em tempo real dos casos, ajudando a detectar surtos e prevenir a disseminação de doença”, explica a enfermeira Ingrid Martins, responsável pelo Núcleo de Epidemiologia.

Coleta de dados 24h 

Os dados são analisados semanalmente, gerando boletins que orientam desde a alocação de leitos até campanhas de vacinação. “Nosso calendário começa no domingo e termina no sábado. Estamos fechando na semana 23, mas, desde a semana 20, que foi o pico, já percebemos um declínio dos casos de SRAG. No entanto, a batalha ainda não acabou”, explica a enfermeira.

O desafio, segundo Ingrid, é manter o Ministério da Saúde atualizado com os números das SRAG no HCA. Ela explica que são em função desses dados que o estado cria suas políticas de enfrentamento a surtos como que o Amapá passa nesse momento.

“Sem dados precisos, não há como solicitar mais medicamentos, leitos ou equipes. Por isso é importante mantermos uma rede de proteção atenta e eficaz para coletar essas informações. Até os óbitos por SRAG são investigados e registrados pelo Núcleo de Epidemiologia aqui do HCA. Toda a informação acerca dos casos é imprescindível informar. Nosso objetivo é prevenir riscos”, reforça a enfermeira.

Enquanto os números são analisados, as salas de isolamento do HCA recebem pacientes críticos, e as vacinas são oferecidas aos acompanhantes, por meio do Núcleo de Vacinação do HCA, formando uma barreira invisível, mas vital, para que o amanhã seja mais seguro.

Francilene Lopes, mãe do pequeno Davi, de 5 meses, acometido por síndrome respiratória
Francilene Lopes, mãe do pequeno Davi, de 5 meses, acometido por síndrome respiratória

Um exemplo desse trabalho em ação é o caso do pequeno Davi Lopes, de 5 meses, internado com síndrome respiratória aguda.

“A equipe veio até nós, explicou tudo e acompanhou cada etapa. Não sei bem como funciona esse trabalho, mas sei que é importante para o nosso bem”, conta a mãe da criança, Francilene Lopes, agradecida pela prontidão no atendimento.

Curva epidemiológica

Dados do Núcleo Epidemiológico do HCA revelam que os casos de síndromes gripais no estado começaram a se intensificar em março, atingindo o ápice em maio, mas já apresentam os primeiros sinais de redução.

As semanas epidemiológicas 20 (de 11 a 17 de maio) e 21 (de 18 a 24 de maio) foram as que tiveram o maior volume de notificações no HCA. A 20 registrou 320 pacientes com quadro de síndrome gripal (sintomas leves) e 33 com SRAG, e a 21 marcou 294 casos de Síndrome Gripal e 51 de Síndrome Respiratória Aguda Grave. No entanto, já na semana 22 (de 25 a 31 de maio), os boletins apontam uma queda de 14,29%, com 36 internações por SRAG. Um sinal de que a curva epidêmica pode estar começando a declinar.

“Apesar da queda nos números do boletim epidemiológico, a situação no Amapá segue crítica. O estado permanece em decreto de emergência epidemiológica. Não podemos baixar a guarda”, avalia Ingrid. 

A expectativa é que, com o fim do período mais crítico das chuvas e a intensificação das ações de prevenção, as internações continuem diminuindo a partir da segunda quinzena de junho. Os profissionais de saúde reforçam a importância da vacinação e do diagnóstico precoce para evitar novos surtos. Enquanto isso, a rede de monitoramento segue em alerta, acompanhando cada caso para garantir uma resposta rápida e eficiente.

Taxa de internação HCA

Na sexta-feira, 6, equipes do Ministério da Saúde chegaram ao estado para avaliar o cenário e buscar estratégias que ajudem a desafogar o atendimento nas unidades hospitalares e conter o avanço dos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG).

Força Nacional do SUS visita Hospital de Emergência de Macapá para avaliar impactos do surto de síndromes respiratórias

A chegada dos profissionais faz parte das medidas adotadas pelo Governo do Amapá para enfrentamento do surto. Além disso, foram abertos novos leitos clínicos, salas vermelhas semi-intensivas, e brancas projetadas especificamente para minimizar a contaminação.

O HCA e o PAI estão com 100% de ocupação, com 33 internações clínicas e 20 em UTI pediátrica pela SRAG. Até o momento, quatro mortes foram confirmadas, sendo três por Influenza e uma por Vírus Sincicial Respiratório.

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