sábado, abril 19, 2025
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Pesquisa sobre combustível apontou aduteração de gasolina em Macapá

Ao todo, foram coletadas e analisadas 11 amostras de gasolina de diferentes postos de Macapá, ocorrida entre março e maio de 2024. Duas delas apresentaram teor de etanol anidro acima do permitido

A rotina em uma oficina mecânica despertou a curiosidade de Valfredson Victor Nascimento, de 29 anos, estudante da Educação de Jovens e Adultos (EJA) da Escola Estadual Mário Quirino da Silva, sobre a qualidade da gasolina comercializada em Macapá. A dúvida se transformou em um projeto científico chamado “Uso de etanol anidro na gasolina e suas implicações ambientais: um estudo na Amazônia Oriental”, que rendeu prêmios. Agora, o trabalho do estudante foi publicado na revista científica nacional “Observatório Ambiental Alberto Ribeiro Lamego”, voltada à área ambiental.

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Valfredson Victor na Feceap
Valfredson Victor na Feceap
Foto: Divulgação/Seed

Com orientação do professor Charles Barros, que possui Licenciatura plena em Biologia, é Mestre em ciências Ambientais e Doutorando no PPG-Bionorte, Victor iniciou a pesquisa ainda em 2023, utilizando normas da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para investigar a qualidade dos combustíveis na capital amapaense. Ao todo, foram coletadas e analisadas 11 amostras de gasolina de diferentes postos de Macapá, ocorrida entre março e maio de 2024. Duas delas apresentaram teor de etanol anidro acima do permitido, caracterizando adulteração, o que estava gerando problemas significativos aos motoristas e usuários dos automóveis, além de problemas ambientais, o que revela a necessidade de fiscalização a esses estabelecimentos.

“Esse projeto começou com uma dúvida minha. Eu trabalhava numa oficina e via muitos carros chegando com o mesmo problema. O pessoal sempre dizia que era a gasolina de Macapá, que era batizada, não prestava. Aí, quando entrei na escola, descobri que o professor Charles era pesquisador e propus a ideia”, explicou o estudante.

O estudante Victor Nascimento de amarelo e o seu professor Charles Barros, em premiação do projeto na III Mostra Científica e Tecnológica da Amazônia
O estudante Victor Nascimento de amarelo e o seu professor Charles Barros, em premiação do projeto na III Mostra Científica e Tecnológica da Amazônia / Foto: Arquivo Pessoal

Antes de ser publicada, a pesquisa recebeu destaque em diversas feiras científicas. Na 3ª Mostra Científica e Tecnológica da Amazônia, o projeto conquistou o prêmio Matheus Valente do Couto com medalhas e credencial para uma feira em São Paulo, que será realizada entre os dias 22 e 27 de setembro. Já na Feira de Ciências e Engenharia do Amapá (Feceap) de 2024, Victor venceu a categoria Química EJA, e conquistou o 1º lugar e o prêmio de R$ 6.500. O trabalho também garantiu uma credencial internacional para representar o Amapá em Valledupar, na Máster Collage 2025, na Colômbia.

“Foi tudo muito rápido. Eu nunca tinha participado de feira científica, e agora vou representar Macapá em outro país. Isso tudo é muito gratificante. Eu devo muito ao incentivo do meu professor e ter o artigo publicado em uma revista é muito gratificante”, comemorou Victor.

O professor Charles Barros destaca a importância da pesquisa para a sociedade e o papel transformador da ciência dentro da escola. Para o educador, o projeto também evidencia o potencial dos estudantes da EJA.

“A partir da proposta do Victor, identificamos a metodologia mais adequada e utilizamos as normas da ANP como referência. É uma pesquisa que serve como alerta à população sobre os riscos do consumo de combustíveis adulterados, ver um aluno como ele, que tem TDAH e apresenta hiperfoco em carros, alcançar esse nível de reconhecimento é muito gratificante. Ele é um exemplo de como a educação pública pode transformar vidas”, finalizou o educador.

O estudante destacou o apoio da Escola Mário Quirino em suas atividades escolares, Victor compartilhou que precisou abandonar os estudos em 2023 para trabalhar, mesmo tendo boas notas, e acabou reprovando por faltas. Contudo, a diretora da escola, Gisele Braz, ao perceber seu potencial, entrou em contato e o incentivou a voltar para a sala de aula, dando suporte ao aluno. Desde então, ele se dedica mais e recebeu suporte constante das professoras do Atendimento Educacional Especializado (AEE), que o acolheram e ofereceram espaços para estudar. Hoje, ele se sente motivado e afirma que seu foco é continuar estudando para superar as expectativas.

 

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