
A publicitária Bruna Freitas, natural do município de Santana, despertou curiosidade ao enxergar no descarte de pescado uma fonte de matéria-prima valiosa.
Durante uma viagem a Oiapoque, ela se deparou com pilhas de peles de peixe sendo jogadas fora de forma incorreta, um impacto que a marcou profundamente.
Em 2025, a Yara foi uma das expositoras do Inova Amazônia Summit, promovido pelo Sebrae AP, onde apresentou sua tecnologia sustentável a empreendedores e investidores da região.
De volta ao Amapá, munida de experiência na indústria da moda em Portugal e de sua formação em publicidade, Bruna decidiu unir design, marketing e preservação ambiental para criar algo com identidade amazônida.
Em 2022, Bruna fundou a Yara, startup que se apresenta como solução ao lixo orgânico gerado pelo processamento de peixes como pirarucu, corvina e pescada-amarela. “Onde muita gente vê lixo, a gente enxerga matéria-prima”, afirma.
Nos primeiros dois anos, a Yara evoluiu de pequenos testes artesanais para uma linha industrial que incorpora:
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Green Ladder: tecnologia própria à base de taninos vegetais que substitui processos químicos de curtume.
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Pigmentos naturais: cores inspiradas na Amazônia, do azul profundo ao verde-folha, para bolsas e acessórios.
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Cadeia integrada: parceria com cooperativas de pescadores locais para coleta e preparo correto das peles.
Impacto e expansão
Começando com uma equipe de sete pessoas, a Yara ampliará seu ateliê e curtume próprios em Macapá a partir de julho de 2025, gerando até 20 empregos diretos na fase inicial. “Queremos presença real na comunidade, ensinando técnicas de aproveitamento correto das peles e fortalecendo a economia local”, explica Bruna.
Com o primeiro investimento captado, a Yara aprimora sua linha de couro vegetal e busca expandir sua base de clientes por toda a Amazônia e além. Além de coleções de moda, a marca já estuda aplicações em revestimentos de interiores e design de produto.
Em 2024, a taxa de desemprego entre jovens de 18 a 24 anos no Amapá chegou a 21,8%, terceira maior do país, segundo a PNAD Contínua do IBGE (2º trimestre de 2024) em setembro de 2024, e bem acima da média nacional de 14,3%, iniciativas como a Yara de Bruna Freitas ganham ainda mais relevância. Ao gerar até 20 vagas diretas para montagem do curtume e ateliê em Macapá, a startup não só aproveita um resíduo local como também contribui para reduzir a vulnerabilidade dos jovens no mercado de trabalho.