Sucessivos escândalos minam imagem que Furlan tentou construir

Denúncias de nepotismo, favorecimento pessoal e uso suspeito de recursos públicos expõem fragilidade do discurso de moralidade do prefeito

O discurso de gestão técnica, ética e moderna propagado pelo prefeito de Macapá, Dr. Antônio Furlan (MDB), vem sendo corroído por uma série de escândalos que abalaram, em curto espaço de tempo, diferentes setores da administração municipal. Denúncias que envolvem desde nepotismo e contratos suspeitos, até possível favorecimento familiar na Educação, têm jogado luz sobre práticas que contrastam com a imagem de moralidade pública cultivada desde o início do mandato.

Ainda em 2024 o ConectAmpa tornou público um contrato de quase R$ 300 milhões, homologado pela Secretária de Obras e Infraestrutura Urbana da Prefeitura de Macapá (Semob), destinado a contratação da empresa Cimento do Norte Comércio e Serviços Ltda, de propriedade da família Favacho. A empresa contratada pelo município é de propriedade da ex-deputada estadual Francisca Favacho, mãe do deputado estadual Júnior Favacho presidente estadual do MDB,  mesmo partido do prefeito de Macapá, Antônio Furlan (MDB). O caso ganhou repercussão nacional.

IMÓVEL DA TIA

Porém o caso de Favacho não foi isolado. A mais recente crise envolve o ex-secretário Madson Millor, exonerado após denúncias de favorecimento em contrato de R$ 300 mil para locação de um imóvel de sua própria tia, que anteriormente pertencia ao pai do secretário. O prédio, que deveria funcionar como unidade administrativa da Secretaria de Educação, foi flagrado pela imprensa sem qualquer estrutura funcional, sendo usado apenas como depósito improvisado. Diante da repercussão, vereadores aliados ao prefeito esvaziaram a sessão legislativa que votaria sua convocação, numa manobra amplamente criticada como tentativa de abafar as investigações.

A denúncia levou vereadores a tentarem convocar o secretário para prestar esclarecimentos, mas a sessão foi esvaziada por aliados do prefeito, em uma manobra atribuída ao Executivo municipal para impedir o avanço das investigações. Com a falta de quórum, o caso acabou paralisado temporariamente, embora parlamentares já tenham sinalizado que retomarão a convocação e poderão propor uma Comissão Processante ou até uma CPI.

SAÚDE E COMUNICAÇÃO

Na Saúde, a situação se aprofunda. A secretária Érica Aymoré foi convocada pela Comissão Permanente de Saúde da Câmara para explicar a contratação sem licitação da empresa Venon, responsável pela limpeza das unidades de saúde. O contrato, firmado por simples registro de preços, é alvo de mandado de segurança na 1ª Vara Cível de Fazenda Pública. A juíza Luciana Camargo chegou a solicitar informações à secretária, mas não obteve qualquer resposta formal antes da homologação do contrato — uma atitude considerada grave por juristas.

Poucos antes, mas precisamente em janeiro passado, o então secretário de Comunicação do município, Juarez Menescal, foi acusado de nepotismo ao nomear a própria namorada e dois irmãos para cargos comissionados estratégicos e bem remunerados dentro da pasta. Além disso, o secretária enfrenta também denúncia grave de pagamento suspeito de R$ 43 mil à empresa da ex-esposa, a RS Porto Marketing e Comunicação LTDA, que administra um site de baixíssimo alcance nas redes sociais — com apenas 37 seguidores no Facebook. O repasse, de acordo com fontes do setor, é muito superior ao pago a veículos consolidados na região.

GESTÃO ACUADA

Para parlamentares ouvidos pela reportagem, os episódios em sequência revelam um padrão preocupante de favorecimentos, omissões administrativas e resistência à fiscalização, o que vem minando a narrativa de gestão técnica e transparente que Dr. Furlan buscava consolidar.

“É uma sucessão de escândalos com uma mesma raiz: uso político e pessoal da máquina pública. Não se trata mais de fatos isolados, mas de uma estrutura contaminada por interesses particulares”, afirmou um vereador.

A situação escancara o uso indevido dos recursos públicos da publicidade institucional, em benefício de interesses pessoais, contrariando princípios básicos da administração pública.

A sucessão de episódios desgastantes revela uma gestão acuada, cada vez mais distante da imagem de eficiência e probidade que o prefeito Furlan tentou consolidar desde que assumiu o comando da capital. A cada nova denúncia, cresce a percepção pública de que a Prefeitura de Macapá tem sido usada como plataforma para acomodação de interesses familiares e pessoais, em detrimento da ética e da transparência na coisa pública.

Com o Legislativo sob pressão a base aliada começa a ficar em situação desconfortável com a sequência de denúncias, enquanto o desgaste político se aprofunda.

A Prefeitura de Macapá tem se mantido em silêncio os fatos, porém o espaço fica aberto para quaisquer esclarecimentos.

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