Madson Millor, acusado de firmar contrato com imóvel pertencente à sua própria tia

Uma manobra incomum marcou a sessão desta quarta-feira (12) na Câmara Municipal de Macapá: vereadores aliados do prefeito Dr. Furlan esvaziaram o plenário para impedir a votação que poderia convocar o então secretário municipal de Educação, Madson Millor, acusado de firmar contrato com imóvel pertencente à sua própria tia.
Segundo apuração do Diário da Gente, a ação teve origem no próprio Executivo. O temor era de que a convocação de Millor revelasse detalhes comprometedores de um contrato de R$ 300 mil firmado entre a Secretaria Municipal de Educação e a tia do secretário, Marli Rodrigues. O imóvel, segundo a denúncia, era de propriedade do pai de Millor até pouco tempo atrás.
O prédio locado deveria funcionar como unidade administrativa da Secretaria de Educação, mas, conforme verificado in loco pela reportagem, serve apenas como depósito improvisado. No local, há caixas com livros antigos e arquivos sem identificação clara, supostamente da Macapá Previdência. Não há placas, servidores ou qualquer estrutura compatível com uma repartição pública.
Investigação paralisada
Sem quórum para deliberar, o presidente da Comissão de Educação da Câmara, vereador Zé Luiz, tentou seguir com a convocação por meio da comissão permanente, composta por ele, Margleide Alfaia, Carlos Murilo, Gian do Nae e Daniel Theodoro. No entanto, a ausência deste último inviabilizou o número mínimo de votos para avançar com o requerimento.
Nos bastidores, parlamentares afirmaram que a convocação será reapresentada em plenário na próxima sessão, e, caso não haja justificativa legal para o contrato, pode-se abrir uma Comissão Processante ou até uma CPI para investigar os indícios de favorecimento pessoal e desvio de finalidade na aplicação dos recursos da educação.
Exoneração e nomeação interina

Diante da pressão política e da repercussão negativa, o prefeito Furlan exonerou Madson Millor do cargo. Para seu lugar, foi nomeado interinamente o servidor Marcos André Pantoja. A exoneração é vista como uma tentativa de conter danos e evitar que o caso evolua para uma crise institucional com desdobramentos judiciais.
A Prefeitura de Macapá foi procurada, mas não se manifestou até o fechamento desta edição. A senhora Marli Rodrigues, apontada como proprietária do imóvel, também não foi localizada para comentar o caso.
Um advogado ouvido pela reportagem classificou a situação como “gravíssima” e destacou que “a educação pública não pode servir de escudo para esquemas familiares de favorecimento com dinheiro do contribuinte”.
Com a denúncia, cresce a expectativa por uma postura mais firme do Legislativo municipal, que pode ser decisivo para esclarecer os fatos e punir eventuais responsáveis.