“Criação da unidade de conservação no Amapá não incide sobre os blocos de petróleo”, diz Marina Silva em audiência no Senado

O senador Lucas Barreto (PSD-AP) foi o autor do requerimento que convidou a ministra para falar sobre o assunto

Em audiência na Comissão de Infraestrutura (CI) nesta terça-feira (27) para debater a possível criação de unidades de conservação marinha no Norte, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva afirmou que a instituição dessas áreas não é impeditiva à pesquisa e à exploração de petróleo em águas profundas na margem Equatorial, mas há necessidade de licenciamento ambiental, como em qualquer outra situação. De acordo com a ministra, o país tem um déficit de 10 milhões de hectares de unidades de conservação.

— A criação da unidade de conservação no Amapá não incide sobre os blocos de petróleo e não foi criado agora para inviabilizar a Margem Equatorial — afirmou Marina Silva.

O pedido de criação dessas unidades de conservação data de 2005, segundo Marina Silva. As UCs, de acordo com a ministra, garantirão condições de vida para populações tradicionais ribeirinhas, pescadores, comunidades indígenas, abarcando em torno de 24 mil pessoas.

Ela reconheceu que até pouco tempo o governo do estado do Amapá estava de acordo com a criação das unidades de conservação, mas se iniciou “uma tensão muito forte no estado”, o que levou o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) a suspender a última audiência pública.

O senador Lucas Barreto (PSD-AP), autor do requerimento para o convite à ministra, disse que foi surpreendido com a criação de quatro unidades de conservação com um 1,3 milhão de hectares no Amapá. Segundo o parlamentar, 74% de território amapaense já é área de proteção, onde “75% da floresta primária está de pé”. Ele salientou que só 11% do estado está liberado para atividade econômica.

— Essas reservas não vão impedir petróleo, elas vão impedir que o Amapá se desenvolva. […)] Amapá é um estado que nós não estamos mais querendo aceitar a criação de reservas lá. O licenciamento novo ambiental foi aprovado por essa atitude lá. […] Nós queremos esse direito de prospectar essa riqueza que tem na costa do Amapá — afirmou Lucas Barreto.

Criadas por lei, as unidades de conservação (UCs) são áreas protegidas destinadas à preservação e restauração da biodiversidade e dos recursos naturais, de forma a promover a sustentabilidade dos ecossistemas.

— Uma unidade de conservação é criada dentro de uma estratégia, dentro de um plano, ela não é algo isolado. E essa ainda mais, que é um processo que vem desde 2005, passando por inúmeras audiências públicas, mobilizando centenas e centenas de pessoas e que vinha sendo um processo trabalhado, ombro a ombro com o governo do estado, tanto é que duas dessas unidades de conservação estão sendo encaminhadas para serem criadas pelo governo federal e duas delas seriam criadas pelo próprio governo do estado — disse Marina Silva.

O senador Esperidião Amin (PP-SC) afirmou que as unidades de conservação são criadas sem a consulta da sociedade, informação que foi contestada pela ministra, ao dizer que “as audiências públicas são parte do processo”.

Já o senador Jaime Bagattoli (PL-RO) disse que hoje 84% da Amazônia Legal estão preservadas. O parlamentar questionou “as dificuldades” para liberação das atividades econômicas na região.

— Tudo para nós se cria dificuldade no nosso país, enquanto outros países podem vir explorar sem problema. […] Na Amazônia, são 35 milhões de pessoas. Nós não podemos deixar essas pessoas viverem na miséria. Qual o benefício que o nosso povo da Amazônia tem além da preservação, além do Bolsa Família? — questionou o senador.

(Agência Senado)

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