
O dinheiro foi depositado na justiça pelo Fundo Alternative Assets/BTG Pactual, que comprou a Unidade Produtiva Amapá, só que para liberar o dinheiro, mais de R$ 73 milhões, o juiz que cuida do caso, fez várias exigências, agora cumpridas pelos gestores da Jari Celulose.
A justiça cobrou, por exemplo, a apresentação de um cronograma financeiro detalhado, com especificações da destinação dos recursos, contemplando prioridades como recontratação de trabalhadores, obras emergenciais de recuperação do parque industrial, equipamentos e materiais.
Uma outra exigência que a Jari terá que cumprir é a contratação de um agente de monitoramento. A empresa de consultoria responsável por este serviço deverá ter expertise em gestão e controle de fluxos financeiros em processos de recuperação, com a emissão de relatórios para controle da justiça, do administrador judicial e dos credores.
Ao determinar a liberação do dinheiro, o juiz Flavio Oliveira Lauande, da Vara Distrital de Monte Dourado, considerou que “Recusar a liberação dos recursos — que estão judicialmente depositados — significaria invalidar a própria lógica do instituto da recuperação judicial, frustrar as expectativas legítimas de centenas de trabalhadores, investidores e fornecedores, e, acima de tudo, substituir a vontade coletiva dos credores pela dúvida individual do julgador, o que é vedado por lei.”
Declarou que impedir a execução do plano de recuperação, por temores ou exigências, pode levar ao colapso definitivo da Companhia, com a perda de milhares de empregos diretos e indiretos na região amazônica, e ao esvaziamento do valor econômico e social da Jari Celulose.
Um relatório técnico feito por uma empresa de consultoria atestou a funcionalidade da estrutura da fábrica e projetou os investimentos mínimos para a retomada da produção.
O cronograma técnico previa a mobilização de equipes a partir de 05/05/2025, com limpeza industrial, testagem de maquinário, aquisição de caldeiras e insumos, e religamento gradual das áreas produtivas. Essa previsão foi adiada porque só agora os recursos foram liberados.
DÍVIDA DE R$ 1,7 BILHÃO
O processo de recuperação judicial da Jari Celulose foi ajuizado em 28 de junho de 2019. A dívida do Grupo Empresarial com os credores é de R$ 1,7 bilhão de reais. Entre os principais credores estão grandes empresas como os bancos: BNDES, Banco do Brasil, Bradesco, BTG Pactual, Banco Pan e China Construction Bank. J & F Investimentos e Gearbulk AG, também têm créditos para receber da Jari Celulose.
Em julho de 2022 o turbo gerador responsável por gerar energia elétrica na fábrica de celulose deu defeito, provocando a paralisação total da atividade produtiva da empresa, instalando uma verdadeira crise econômica e financeira no Vale do Jari, região que compreende as cidades de Almeirim/PA, Laranjal do Jari/AP e Vitória do Jar/AP.